segunda-feira, 11 de março de 2013

CADA MARCA UMA RECORDAÇÃO!

"Se envelhecer é obrigatório, amadurecer é opcional. O relógio biológico é o mesmo para todos, o que muda é como cada um usa o seu tempo. As rugas denunciam, sim, a idade, mas por que não torná-las lembranças das festas curtidas, das boas notícias comemoradas, enfim, das coisas bacanas das quais rimos e até choramos? Sejamos ainda como os seixos, que rolam no mar ou no rio ao sabor das águas. Para lá e para cá, são arredondados e conquistam a suavidade, que vem, sem rachaduras, do contínuo movimento."

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

“Eu te amo. Mesmo negando. Mesmo deixando você ir. Mesmo não te pedindo pra ficar. Mesmo não olhando mais nos teus olhos. Mesmo não ouvindo a tua voz. Mesmo não fazendo mais parte dos teus dias. Mesmo estando longe, eu te amo. E amo mesmo. Mesmo não sabendo amar.” — Caio Fernando Abreu.

domingo, 13 de janeiro de 2013

GRANADA

O amor é uma granada que colocam em nossas mãos. Nem sempre ela explode, mas quando isso acontece imediatamente conhecemos o paraíso ou o inferno. Como escreveu a escritora Marguerite Yourcenar, “O amor não é o centro da vida: ou é o início ou é o fim.” Faço essas ponderações depois de ter assistido ao excelente documentário dirigido pelo cineasta João Jardim, com o título de Chama-se Amor?, com especial ênfase no ponto de interrogação. O filme apresenta os relatos verídicos (interpretados por atores e atrizes) de pessoas que, a partir de relações de afetividade intensas, acabaram sendo conduzidas a atos de violência física e emocional. Apresentam-se estilhaçados diante das câmeras, como que a pedir ajuda aos que os estão ouvindo. São histórias desesperadas e pungentes de encontros que tinham tudo para se revelar tranquilos, mas que num determinado momento (sem que nenhum dos dois se desse conta disso), acabaram por destruir tudo o que estava ao seu redor. Inclusive a eles mesmos. É claro que nem sempre é assim. Há casais que conseguem atravessar o tempo praticamente incólumes, sem grandes atritos. Nem precisam fazer terapia para compreender que o cotidiano e suas abençoadas repetições podem ser o melhor fermento para um sentimento que não deve ser medido e validado só pela sua intensidade. Mas não nos iludamos achando que todos os casais vivem assim. Há muita violência escondida por trás de comportamentos aparentemente saudáveis. Cada um de nós carrega dentro de si uma considerável dose de loucura. Quando algum mecanismo é ativado, todo esse desregramento, esse chute na razão, acaba determinando o que faremos e no que iremos nos transformar. Muitos não são testados nesse limite, mas o perigo fica rondando - basta que um fato ou uma circunstância tire o pino da granada. Acompanhei algumas dessas paixões ao longo dos anos. E o que vi não foi nada bonito. Homens e mulheres que juravam se amar, que não podiam ficar um dia sem se ver, secretamente se destruíam, causando dor a quem diziam ser a criatura mais importante para elas. Preferiam morrer juntas a ter que devolver a liberdade da qual haviam se apropriado. Quando isso passava, em muitos casos um longo tempo depois, a constatação era sempre a mesma: estar viciado numa pessoa é como estar viciado em cocaína. Se essa dependência patológica se sustentar apenas no desejo físico, no ciúme e na posse, aí é o caso de pensar numa internação mesmo. Não sei o que faz com que alguém se permita ir além de determinado ponto. Esse ponto que se assemelha à perda do próprio juízo e à incapacidade de ver o que está acontecendo. A realidade fica comprometida e nada pode convencer quem está sofrendo de que existe uma possibilidade de salvação além da criatura amada. É uma das piores patologias que conheço, pois faz com que percamos todo o amor próprio e o respeito que deveríamos ter por quem nos escolheu. Não são raros os que matam. Em alguns há a consciência de que isso está lhes fazendo muito mal, mas são incapazes de acabar com esse pesadelo. O que me faz acreditar que a inteligência e a cultura são meros coadjuvantes neste tipo de situação. Basta lembrar o que aconteceu com o grande Jorge Luiz Borges, um dos maiores gênios da literatura: a despeito de sua sabedoria e lucidez sucumbiu, no fim da vida, a uma relação predatória e espoliadora. Riscos sempre há. O contrário é o deserto. Mas tudo pode se transformar em tragédia quando começamos a ficar obcecados por alguém. É amor? Não. Apenas mais um capítulo de um enredo que pensamos estar sendo escrito por nós. Não somos mais donos de nada, no entanto. Apenas da nossa insanidade. (Gilmar Marcílio)

sábado, 12 de janeiro de 2013

GOSTAR DE QUEM GOSTA DA GENTE

Tem uma música que diz isso..."de hoje em diante eu só vou gostar de quem gosta de mim." Não deve ser algo tão difícil assim. Não mais difícil do que gostar de quem não gosta da gente. Deve ser a mesma coisa, mas talvez a gente sofra menos. Talvez com o tempo a gente se acostume e passe a gostar. Com a convivência tudo pode ser possível. Deve ser, no mínimo mais confortante pensar- "ele gosta de mim!". Ele vai estar lá te esperando na saída do trabalho. Ele vai te ligar ao menos uma vez por dia. Ele sempre vai demonstrar que está a fim de ficar contigo. Mesmo que a gente não sinta amor, naquele momento, é um afago no coração da gente saber que tem alguém que te quer. Isso já dá um "up" pra que a gente se empenhe em retribuir com carinho e ternura a um amor não correspondido. Amores não correspondidos em pleno século 21? Isso ainda existe? Isso ainda importa para alguém? Não gosto, particularmente, daquela frase " a fila anda!" Atualmente a fila está indo tão rapidamente que não dá nem tempo de desenvolver uma relação, aprofundar a convivência, descobrir sentimentos. Na verdade, eu tenho muita pena dos amores não correspondidos, dos amores perdidos, dos amores que não tiveram chance, dos amores distantes! Amar é bom, mas bem que poderia ser mais fácil!

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

SEI (Nando Reis)

Sabe, quando a gente tem vontade de encontrar A novidade de uma pessoa Quando o tempo passa rápido Quando você está ao lado dessa pessoa Quando dá vontade de ficar nos braços dela E nunca mais sair… Sabe, quando a felicidade invade Quando pensa na imagem da pessoa Quando lembra que seus lábios encontraram Outros lábios de uma pessoa E o beijo esperado ainda está molhado E guardado ali... Em sua boca Que se abre e sorri feliz Quando fala o nome daquela pessoa Quando quer beijar de novo e muito Os lábios desejados da sua pessoa Quando quer que acabe logo a viagem Que levou ela pra longe daqui… Sabe, quando passa a nuvem brasa Abre o corpo, sopro do ar que traz essa pessoa Quando quer ali deitar, se alimentar E entregar seu corpo pra pessoa Quando pensa porque não disse a verdade É que eu queria que ela estivesse aqui… Sei... Eu sei.

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

TER OU NÃO TER NAMORADO

Quem não tem namorado é alguém que tirou férias não remuneradas de si mesmo. Namorado é a mais difícil das conquistas. Difícil porque namorado de verdade é muito raro. Necessita de adivinhação, de pele, saliva, lágrima, nuvem, quindim, brisa ou filosofia. Paquera, gabiru, flerte, caso, transa, envolvimento, até paixão, é fácil. Mas namorado, mesmo, é muito difícil. Namorado não precisa ser o mais bonito, mas ser aquele a quem se quer proteger e quando se chega ao lado dele a gente treme, sua frio e quase desmaia pedindo proteção. A proteção não precisa ser parruda, decidida; ou bandoleira basta um olhar de compreensão ou mesmo de aflição. Quem não tem namorado é quem não tem amor é quem não sabe o gosto de namorar. Há quem não sabe o gosto de namorar. Se você tem três pretendentes, dois paqueras, um envolvimento e dois amantes; mesmo assim pode não ter nenhum namorado. Não tem namorado quem não sabe o gosto de chuva, cinema sessão das duas, medo do pai, sanduíche de padaria ou drible no trabalho. Não tem namorado quem transa sem carinho, quem se acaricia sem vontade de virar sorvete ou lagartixa e quem ama sem alegria. Não tem namorado quem faz pacto de amor apenas com a infelicidade. Namorar é fazer pactos com a felicidade ainda que rápida, escondida, fugidia ou impossível de durar. Não tem namorado quem não sabe o valor de mãos dadas; de carinho escondido na hora em que passa o filme; de flor catada no muro e entregue de repente; de poesia de Fernando Pessoa, Vinícius de Moraes ou Chico Buarque lida bem devagar; de gargalhada quando fala junto ou descobre meia rasgada; de ânsia enorme de viajar junto para a Escócia ou mesmo de metrô, bonde, nuvem, cavalo alado, tapete mágico ou foguete interplanetário. Não tem namorado quem não gosta de dormir agarrado, de fazer cesta abraçado, fazer compra junto. Não tem namorado quem não gosta de falar do próprio amor, nem de ficar horas e horas olhando o mistério do outro dentro dos olhos dele, abobalhados de alegria pela lucidez do amor. Não tem namorado quem não redescobre a criança própria e a do amado e sai com ela para parques, fliperamas, beira - d'água, show do Milton Nascimento, bosques enluarados, ruas de sonhos ou musical da Metro. Não tem namorado quem não tem música secreta com ele, quem não dedica livros, quem não recorta artigos; quem gosta sem curtir; quem curte sem aprofundar. Não tem namorado quem nunca sentiu o gosto de ser lembrado de repente no fim de semana, na madrugada, ou meio-dia do dia de sol em plena praia cheia de rivais. Não tem namorado quem ama sem se dedicar; quem namora sem brincar; quem vive cheio de obrigações; quem faz sexo sem esperar o outro ir junto com ele. Não tem namorado quem confunde solidão com ficar sozinho e em paz. Não tem namorado quem não fala sozinho, não ri de si mesmo e quem tem medo de ser afetivo. Se você não tem namorado porque não descobriu que o amor é alegre e você vive pesando duzentos quilos de grilos e medos, ponha a saia mais leve, aquela de chita e passeie de mãos dadas com o ar. Enfeite-se com margaridas e ternuras e escove a alma com leves fricções de esperança. De alma escovada e coração estouvado, saia do quintal de si mesmo e descubra o próprio jardim. Acorde com gosto de caqui e sorria lírios para quem passe debaixo de sua janela. Ponha intenções de quermesse em seus olhos e beba licor de contos de fada. Ande como se o chão estivesse repleto de sons de flauta e do céu descesse uma névoa de borboletas, cada qual trazendo uma pérola falante a dizer frases sutis e palavras de galanteria. Se você não tem namorado é porque ainda não enlouqueceu aquele pouquinho necessário a fazer a vida parar e de repente parecer que faz sentido. -Arthur da Távola-

domingo, 28 de outubro de 2012

CRONICA DE UM AMOR FORA DAS PISTAS

Quando disseste para que eu pisasse no freio senão iria te atropelar ou achar o muro, mais uma vez percebi que as vezes ultrapasso os limites, e que tu tentas me proteger mostrando a "bandeira amarela". Quando eu entrei, por minha vontade, nessa "corrida", já sabia que não seria uma disputa, pois já havia uma "pole position" definida. Um piloto "hours concours". Já havia uma "bandeira azul" dando sinal da minha condição. E exercer o comando de teu coração seria uma posição que eu jamais conquistaria. Pista molhada, com obstáculos, um piloto com a vitória definida há muito tempo...enfim eu teria todos os motivos do mundo para parar de correr, poderia me recolher ao meu "box", poderia apenas ser um espectadora, ou nem isso, mas percebi que não quero abandonar as pistas, não agora, pelo menos. Mesmo que a "bandeira vermelha/amarela" esteja sempre hasteada. Acho que sou como um "Rubinho Barrichello", que não ganha nunca, não tem um carro competitivo, mas é apaixonado pelo que faz, é teimoso, não quer saber de parar, nem pensa em desistir, mesmo que as vezes nem complete todo o percurso. Mas ele está lá, nas fileiras de trás, firme! Porém, chegará o dia que terei que parar, recolher-me ao box definitivamente. Chegará o dia que aparecerá a "bandeira preta" e logo será substituída pela "bandeira quadriculada". E nesse dia, espero, que eu possa ser para ti um "Ayrton Senna", que já não corre mais, mas que estará sempre em tua lembrança, e por que não, em teu coração! E tu sempre serás "meu Grande Prêmio", que mesmo não conquistado, me trouxe as mais belas emoções, soprou os ventos mais acalentados, mostrou-me os caminhos mais intensos que eu poderia percorrer! Espero que possamos ainda desfrutar de muitas emoções ao longo das pistas que ainda percorreremos, juntos ou não!