segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

MOACYR JAIME SCLIAR

"Você esta certo meu amigo. Não só as férias são curtas a vida também."( Moacyr Scliar)

Minha pequena mas honesta homenagem a este judeu gaúcho que honrou como nunca o pampa
onde nasceu.
Setenta e quatro anos é muito cedo para partir para quem tinha a palavra e a escrita como ofício!
Mas ainda bem que as coisas boas sempre permanecem e ele nos deixou muitos ensinamentos e
obras onde sempre poderemos buscar um pouco desse grande e para sempre imortal!

"A gente nunca pode desistir de encontrar sentido no aparente absurdo de nossa existência" (Moacyr Scliar)

domingo, 13 de fevereiro de 2011

"O tempo vai acertar nossas distâncias"

Há momentos que é necessário,mesmo que se tenha vontade de gritar,de ficar em silêncio.
No máximo um "silent cry".Aí ele pode vir cheio de dor,de decepção,de mágoa,de tristeza!
A pior dor é aquela que vem de forma sutil.
Palavras sutilmente escritas.
Um poema sutilmente revelador e cheio de intenções escusas(ou não,depende de quem o lê).
Sutileza nas palavras.Sutileza na intenção.Sutileza no propósito.
Alvos definidos e atingidos.
Êxito na intenção!
BINGO!
A minha dor é grande...a tristeza que sempre vem junto é maior ainda...elas sempre vem juntas!
Mas o meu silêncio há de ser maior e mais forte!

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

CONTEMPLO O LAGO MUDO

Contemplo o lago mudo
Que uma brisa estremece.
Não sei se penso em tudo
Ou se tudo me esquece.
O lago nada me diz,
Não sinto a brisa mexê-lo
Não sei se sou feliz
Nem se desejo sê-lo.
Trêmulos vincos risonhos
Na água adormecida.
Por que fiz eu dos sonhos
A minha única vida?
Fernando Pessoa

AQUI NA ORLA DA PRAIA

Aqui na orla da praia, mudo e contente do mar,
Sem nada jà que me atraia, nem nada que desejar,
Farei um sonho, terei meu dia, fecharei a vida,
E nunca terei agonia, pois dormirei de seguida.

A vida é como uma sombra que passa por sobre um rio
Ou como um passo na alfombra de um quarto que jaz vazio;
O amor é um sonho que chega para o pouco ser que se é;
A gloria concede e nega; não tem verdades a fé.

Por isso na orla morena da praia calada e sò,
Tenho a alma feita pequena, livre de màgoa e de dò;
Sonho sem quase jà ser, perco sem nunca ter tido,
E comecei a morrer muito antes de ter vivido.

Dêem-me, onde aqui jazo, sò uma brisa que passe,
Não quero nada do acaso, senão a brisa da face;
Dêem-me um vago amor de quanto nunca terei,
Não quero gozo nem dor, não quero vida nem lei.

Sò, no silêncio cercado pelo som brusco do mar,
Quero dormir sossegado, sem nada que desejar,
Quero dormir na distância de um ser que nunca foi seu,
Tocado do ar sem fragrância da brisa de qualquer céu.

FERNANDO PESSOA

O SONO QUE DESCE SOBRE MIM

O Sono Que Desce Sobre Mim (Fernando Pessoa)

“O sono que desce sobre mim,
O sono mental que desce físicamente sobre mim,
O sono universal que desce individualmente sobre mim...
Esse sono
Parecerá aos outros o sono de dormir,
O sono da vontade de dormir,
O sono de ser sono.

Mas é mais, mais dentro, mais de cima:
É o sono da soma de todas as desilusões,
É o sono da síntese de todas as desesperanças,
É o sono de haver mundo comigo lá dentro,
Sem que eu houvesse contribuído em para para isso.

O sono que desce sobre mim,
É contudo como todos os sonos.
O cansaço tem ao menos brandura,
O abatimento tem ao menos sossego,
A rendição é ao menos o fim do esforço,
O fim é ao menos o já não haver que esperar.

Há um sono de abrir uma janela,
Viro indiferente a cabeça para a esquerda
Por sobre o ombro que a sente,
Olho pela janela entreaberta:
A rapariga do segundo andar defronte,
Debruça-se com os olhos azuis à procura de alguém.
De quem?
Pergunta a minha indiferença.
E tudo isso é sono.

Meu Deus, tanto sono!...”