segunda-feira, 21 de janeiro de 2013
domingo, 13 de janeiro de 2013
GRANADA
O amor é uma granada que colocam em nossas mãos. Nem sempre ela explode, mas quando isso acontece imediatamente conhecemos o paraíso ou o inferno. Como escreveu a escritora Marguerite Yourcenar, “O amor não é o centro da vida: ou é o início ou é o fim.” Faço essas ponderações depois de ter assistido ao excelente documentário dirigido pelo cineasta João Jardim, com o título de Chama-se Amor?, com especial ênfase no ponto de interrogação.
O filme apresenta os relatos verídicos (interpretados por atores e atrizes) de pessoas que, a partir de relações de afetividade intensas, acabaram sendo conduzidas a atos de violência física e emocional. Apresentam-se estilhaçados diante das câmeras, como que a pedir ajuda aos que os estão ouvindo. São histórias desesperadas e pungentes de encontros que tinham tudo para se revelar tranquilos, mas que num determinado momento (sem que nenhum dos dois se desse conta disso), acabaram por destruir tudo o que estava ao seu redor. Inclusive a eles mesmos.
É claro que nem sempre é assim. Há casais que conseguem atravessar o tempo praticamente incólumes, sem grandes atritos. Nem precisam fazer terapia para compreender que o cotidiano e suas abençoadas repetições podem ser o melhor fermento para um sentimento que não deve ser medido e validado só pela sua intensidade. Mas não nos iludamos achando que todos os casais vivem assim. Há muita violência escondida por trás de comportamentos aparentemente saudáveis. Cada um de nós carrega dentro de si uma considerável dose de loucura. Quando algum mecanismo é ativado, todo esse desregramento, esse chute na razão, acaba determinando o que faremos e no que iremos nos transformar.
Muitos não são testados nesse limite, mas o perigo fica rondando - basta que um fato ou uma circunstância tire o pino da granada. Acompanhei algumas dessas paixões ao longo dos anos. E o que vi não foi nada bonito. Homens e mulheres que juravam se amar, que não podiam ficar um dia sem se ver, secretamente se destruíam, causando dor a quem diziam ser a criatura mais importante para elas. Preferiam morrer juntas a ter que devolver a liberdade da qual haviam se apropriado. Quando isso passava, em muitos casos um longo tempo depois, a constatação era sempre a mesma: estar viciado numa pessoa é como estar viciado em cocaína. Se essa dependência patológica se sustentar apenas no desejo físico, no ciúme e na posse, aí é o caso de pensar numa internação mesmo.
Não sei o que faz com que alguém se permita ir além de determinado ponto. Esse ponto que se assemelha à perda do próprio juízo e à incapacidade de ver o que está acontecendo. A realidade fica comprometida e nada pode convencer quem está sofrendo de que existe uma possibilidade de salvação além da criatura amada. É uma das piores patologias que conheço, pois faz com que percamos todo o amor próprio e o respeito que deveríamos ter por quem nos escolheu. Não são raros os que matam. Em alguns há a consciência de que isso está lhes fazendo muito mal, mas são incapazes de acabar com esse pesadelo. O que me faz acreditar que a inteligência e a cultura são meros coadjuvantes neste tipo de situação. Basta lembrar o que aconteceu com o grande Jorge Luiz Borges, um dos maiores gênios da literatura: a despeito de sua sabedoria e lucidez sucumbiu, no fim da vida, a uma relação predatória e espoliadora.
Riscos sempre há. O contrário é o deserto. Mas tudo pode se transformar em tragédia quando começamos a ficar obcecados por alguém. É amor? Não. Apenas mais um capítulo de um enredo que pensamos estar sendo escrito por nós. Não somos mais donos de nada, no entanto. Apenas da nossa insanidade.
(Gilmar Marcílio)
sábado, 12 de janeiro de 2013
GOSTAR DE QUEM GOSTA DA GENTE
Tem uma música que diz isso..."de hoje em diante eu só vou gostar de quem gosta de mim."
Não deve ser algo tão difícil assim. Não mais difícil do que gostar de quem não gosta
da gente. Deve ser a mesma coisa, mas talvez a gente sofra menos. Talvez com o tempo a
gente se acostume e passe a gostar. Com a convivência tudo pode ser possível.
Deve ser, no mínimo mais confortante pensar- "ele gosta de mim!".
Ele vai estar lá te esperando na saída do trabalho. Ele vai te ligar ao menos uma vez
por dia. Ele sempre vai demonstrar que está a fim de ficar contigo.
Mesmo que a gente não sinta amor, naquele momento, é um afago no coração da gente saber
que tem alguém que te quer. Isso já dá um "up" pra que a gente se empenhe em retribuir
com carinho e ternura a um amor não correspondido.
Amores não correspondidos em pleno século 21?
Isso ainda existe?
Isso ainda importa para alguém?
Não gosto, particularmente, daquela frase " a fila anda!"
Atualmente a fila está indo tão rapidamente que não dá nem tempo de desenvolver uma relação, aprofundar a convivência, descobrir sentimentos.
Na verdade, eu tenho muita pena dos amores não correspondidos, dos amores perdidos,
dos amores que não tiveram chance, dos amores distantes!
Amar é bom, mas bem que poderia ser mais fácil!
terça-feira, 8 de janeiro de 2013
SEI (Nando Reis)
Sabe, quando a gente tem vontade de encontrar
A novidade de uma pessoa
Quando o tempo passa rápido
Quando você está ao lado dessa pessoa
Quando dá vontade de ficar nos braços dela
E nunca mais sair…
Sabe, quando a felicidade invade
Quando pensa na imagem da pessoa
Quando lembra que seus lábios encontraram
Outros lábios de uma pessoa
E o beijo esperado ainda está molhado
E guardado ali... Em sua boca
Que se abre e sorri feliz
Quando fala o nome daquela pessoa
Quando quer beijar de novo e muito
Os lábios desejados da sua pessoa
Quando quer que acabe logo a viagem
Que levou ela pra longe daqui…
Sabe, quando passa a nuvem brasa
Abre o corpo, sopro do ar que traz essa pessoa
Quando quer ali deitar, se alimentar
E entregar seu corpo pra pessoa
Quando pensa porque não disse a verdade
É que eu queria que ela estivesse aqui…
Sei... Eu sei.
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